Preciso compartilhar com vocês um post do Ricardo Freire, no ótimo blog Viaje na Viagem. Explorador de primeiro time, ele apresenta um autêntico um autêntico botequim de Veneza, na Itália, .
Ele apresenta o Al Bottegon, à beira-canal perto da estação Zattere do vaporetto. As fotos (uma delas abaixo) dos tira-gostos montados sobre fatias de pão dão água na boca.
Para ver mais fotos e ler o post completo clique aqui.
Cultura de boteco. Histórias, notícias e bobagens do mais democrático dos espaços gastronômicos
8 de novembro de 2011
4 de novembro de 2011
Beberrões das letras
Imagine reunir em uma mesa de bar Ernest Hemingway, Edgar Allan Poe, Truman Capote, Scott Fitzgerald e outros escritores bons de copo. O roteirista Mark Bailey (nada a ver com o licor de origem irlandesa Bailey's) e o ilustrador Edward Hemingway (neto do autor de O Velho e o Mar) tentaram reproduzir o espírito de um encontro assim no Guia de Drinques dos Grandes Escritores Americanos.
O livro traz histórias e preferências etílicas de 43 homens e mulheres, cinco deles vencedores do Nobel e quinze do Pulitzer. Com belas ilustrações, é uma espécie de manual para ter junto do mar, ao lado da coqueteleira, dos copos e das garrafas. A publicação traz receitas das bebidas preferidas de cada um deles: o negroni de Conrad Aiken, o mint julep de William Faulkener, o coquetel de champanhe de Dorothy Parker...
De quebra, os autores pinçaram frases inspiradoras dos homenageados:
- "Um martini é bom, dois é demais e três é pouco", James Thurber
- "Depois de um drinque é muito difícil não tomar outro. Depois de três, é ainda mais difícil não tomar mais três", James Agee
- "De que adianta ganhar um prêmio Nobel se isso não nos permite entrar em bares clandestinos", Sinclair Lewis.
O livro traz histórias e preferências etílicas de 43 homens e mulheres, cinco deles vencedores do Nobel e quinze do Pulitzer. Com belas ilustrações, é uma espécie de manual para ter junto do mar, ao lado da coqueteleira, dos copos e das garrafas. A publicação traz receitas das bebidas preferidas de cada um deles: o negroni de Conrad Aiken, o mint julep de William Faulkener, o coquetel de champanhe de Dorothy Parker...
De quebra, os autores pinçaram frases inspiradoras dos homenageados:
- "Um martini é bom, dois é demais e três é pouco", James Thurber
- "Depois de um drinque é muito difícil não tomar outro. Depois de três, é ainda mais difícil não tomar mais três", James Agee
- "De que adianta ganhar um prêmio Nobel se isso não nos permite entrar em bares clandestinos", Sinclair Lewis.
19 de outubro de 2011
Comida de boteco é a de rua
A grande inspiração para os tira-gostos e outras comidinhas em botecos está nas ruas. Quase tudo o que é vendido em carrinhos ambulantes pode ser adaptado para uma mesa de bar - e, em geral, costuma dar certo.
Abaixo um breve ensaio de fotos de comida de rua de Bogotá, capital da Colômbia. A variedade é enorme, muito maior do que nas vias paulistanas.Tem banana verde frita, sandubas, gelatinas de mocotó, carne de porco, chorizo, arepa... A lamentar só o fato dos bares colombianos da moda preferirem servir pizzas e 'hamburguesas' do que sua diversificada baixa gastronomia local.
Abaixo um breve ensaio de fotos de comida de rua de Bogotá, capital da Colômbia. A variedade é enorme, muito maior do que nas vias paulistanas.Tem banana verde frita, sandubas, gelatinas de mocotó, carne de porco, chorizo, arepa... A lamentar só o fato dos bares colombianos da moda preferirem servir pizzas e 'hamburguesas' do que sua diversificada baixa gastronomia local.
12 de abril de 2011
Conversa de bar
O divertido texto abaixo do Luís Fernado Veríssimo saiu em 7 de abril em O Estado de S.Paulo. A crônica Pelo Celular mostra até onde um bom papo de boteco pode chegar.
Você já deve ter tido a experiência. Está numa mesa de bar com uma turma, as bolachas de chope se multiplicam sobre a mesa, a conversa esquenta e de repente alguém se lembra de alguém. De um que prometera ir ao bar e não aparecera, de um amigo comum de todos que ninguém mais vira... E fatalmente alguém pega um telefone celular e diz "Vamos ligar para esse vagabundo".
Quando localizam o vagabundo, todos se revezam no telefone, xingando o ausente, intimando-o a aparecer, imitando voz de mulher e dizendo "Adivinha quem é?", fazendo ruídos de bichos, etc. Mas podem ir longe demais. Alguém na mesa pergunta "Que fim levou o Santoro?" e passam a catar o Santoro com o celular. Primeiro ligam para um número antigo dele, depois chegam a uma irmã dele através de uma moça do serviço de assistência ao assinante miraculosamente eficiente, depois chegam ao próprio Santoro, que faz um curso de informática em Grenoble, na França, e atende o chamado apavorado.
- Que foi? Que foi?
- Seu veado! Onde é que você anda?
- É a mamãe, é? Mamãe está bem?
- Que mamãe? Aqui é o Jander.
- Quem?!
- O Jander. Já esqueceu dos amigos, é?
- Jander, você sabe que horas são aqui?
- Aí não é mais cedo?
Jander ouve cinco minutos de desaforo antes de desligar o celular e dizer, magoado: "Como as pessoas mudam, né?". Dias depois ouvem que o Santoro ficou tão nervoso com o telefonema no meio da noite que abandonou o curso de informática, abandonou a França, voltou para junto da dona Djalmira, sua mãe, e está trabalhando no armarinho da família. O telefonema tinha mudado a sua vida por completo.
Outra: alguém na mesa diz que tem o telefone particular do Obama, na Casa Branca. Conseguiu na internet. Podem ligar para lá e quando o Obama atender dizer "Olha, é do Brasil, foi o senhor que esqueceu uma meia-calça no hotel?", ou "Aqui é o Kadafi, posso falar com a Michelle?". Aí alguém lembra que os americanos podem rastrear todas as chamadas para a Casa Branca, localizá-los por satélites e bombardearem o bar.
E há o mais bêbado de todos que diz que precisa ligar para o Ferreirinha pra saber como ele vai.
- Você esqueceu? O Ferreirinha já morreu. Está no Além.
- Eu sei - diz o outro, com o dedo já pronto para digitar. - Qual será o número?
E as bolachas de chope se empilhando.
O divertido texto abaixo do Luís Fernado Veríssimo saiu em 7 de abril em O Estado de S.Paulo. A crônica Pelo Celular mostra até onde um bom papo de boteco pode chegar.
Você já deve ter tido a experiência. Está numa mesa de bar com uma turma, as bolachas de chope se multiplicam sobre a mesa, a conversa esquenta e de repente alguém se lembra de alguém. De um que prometera ir ao bar e não aparecera, de um amigo comum de todos que ninguém mais vira... E fatalmente alguém pega um telefone celular e diz "Vamos ligar para esse vagabundo".
Quando localizam o vagabundo, todos se revezam no telefone, xingando o ausente, intimando-o a aparecer, imitando voz de mulher e dizendo "Adivinha quem é?", fazendo ruídos de bichos, etc. Mas podem ir longe demais. Alguém na mesa pergunta "Que fim levou o Santoro?" e passam a catar o Santoro com o celular. Primeiro ligam para um número antigo dele, depois chegam a uma irmã dele através de uma moça do serviço de assistência ao assinante miraculosamente eficiente, depois chegam ao próprio Santoro, que faz um curso de informática em Grenoble, na França, e atende o chamado apavorado.
- Que foi? Que foi?
- Seu veado! Onde é que você anda?
- É a mamãe, é? Mamãe está bem?
- Que mamãe? Aqui é o Jander.
- Quem?!
- O Jander. Já esqueceu dos amigos, é?
- Jander, você sabe que horas são aqui?
- Aí não é mais cedo?
Jander ouve cinco minutos de desaforo antes de desligar o celular e dizer, magoado: "Como as pessoas mudam, né?". Dias depois ouvem que o Santoro ficou tão nervoso com o telefonema no meio da noite que abandonou o curso de informática, abandonou a França, voltou para junto da dona Djalmira, sua mãe, e está trabalhando no armarinho da família. O telefonema tinha mudado a sua vida por completo.
Outra: alguém na mesa diz que tem o telefone particular do Obama, na Casa Branca. Conseguiu na internet. Podem ligar para lá e quando o Obama atender dizer "Olha, é do Brasil, foi o senhor que esqueceu uma meia-calça no hotel?", ou "Aqui é o Kadafi, posso falar com a Michelle?". Aí alguém lembra que os americanos podem rastrear todas as chamadas para a Casa Branca, localizá-los por satélites e bombardearem o bar.
E há o mais bêbado de todos que diz que precisa ligar para o Ferreirinha pra saber como ele vai.
- Você esqueceu? O Ferreirinha já morreu. Está no Além.
- Eu sei - diz o outro, com o dedo já pronto para digitar. - Qual será o número?
E as bolachas de chope se empilhando.
4 de janeiro de 2011
Foto de boteco
Sempre é legal observar fotos antigas de botecos. Como espaços de sociabilidade urbana, os bares mostram sem enganação, muitas vezes com bom humor, um retrato da sociedade do lugar em que estão instalados. Sem hipocrisia nem encenação.
A belíssima foto abaixo, de 1936, é da brilhante fotojornalista americana Margaret Bourke-White. Publicada originalmente na revista Life, a imagem retrata um bar nas proximidades do Rio Missouri, no estado americano de Montana, próximo da construção de uma represa.
Além de mostrar um balcão clássico e copos de uma dose (para beber bourbon?), o retrato nos conta um pouco do que era viver o dia a dia na região naquele tempo. Chama atenção de a personagem central ser uma mulher, o que não imagino ser comum no noroeste americano nos anos 1930.
Os outros detalhes são um cartaz informando não servir bebidas para índios, versões gringas das nossas plaquinhas 'Fiado apenas para maiores de 80 anos acompanhados dos pais' e uma poster elogiando o então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, em seu primeiro mandato.
Sem dúvida, digna deste blog para amantes da cultura de boteco.
(Clique aqui para ver um ensaio de fotos de Margaret Bourke-White)
Sempre é legal observar fotos antigas de botecos. Como espaços de sociabilidade urbana, os bares mostram sem enganação, muitas vezes com bom humor, um retrato da sociedade do lugar em que estão instalados. Sem hipocrisia nem encenação.
A belíssima foto abaixo, de 1936, é da brilhante fotojornalista americana Margaret Bourke-White. Publicada originalmente na revista Life, a imagem retrata um bar nas proximidades do Rio Missouri, no estado americano de Montana, próximo da construção de uma represa.
Além de mostrar um balcão clássico e copos de uma dose (para beber bourbon?), o retrato nos conta um pouco do que era viver o dia a dia na região naquele tempo. Chama atenção de a personagem central ser uma mulher, o que não imagino ser comum no noroeste americano nos anos 1930.
Os outros detalhes são um cartaz informando não servir bebidas para índios, versões gringas das nossas plaquinhas 'Fiado apenas para maiores de 80 anos acompanhados dos pais' e uma poster elogiando o então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, em seu primeiro mandato.
Sem dúvida, digna deste blog para amantes da cultura de boteco.
(Clique aqui para ver um ensaio de fotos de Margaret Bourke-White)
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