19 de novembro de 2009

A de Sempre

Reflexão esperta de Carlos Drummond de Andrade sobre a variedade de cervejas no mercado. O texto A de Sempre está no livro De notícias & não notíciasfaz-se a crônica, de 1974. Imagine se ele vivesse na época da confusão de marcas da Ambev.

(Eu demoro para postar, mas nunca esqueço nosso espaço aqui. Nem quando estou no antibiótico. Dias mais frequentes virão)


— Até beber cerveja ficou difícil — queixa-se.

— O preço?

— Não. A variedade. O embaras du choix.

— Mas se você já estava acostumado com uma...

— E as novas que aparecem? Em cada Estado surge uma fábrica, se não surgem duas. Cada qual oferecendo diversas qualidades. Você senta no bar de sua eleição, um velho bar onde até as cadeiras conhecem o seu corpo, a sua maneira de sentar e de beber. Pede uma cervejinha, simplesmente. Não precisa dizer o nome. Aquela que há anos o garçom lhe traz sem necessidade de perguntar, pois há anos você optou por uma das duas marcas tradicionais, e daí não sai. Bem, você pede a cervejinha inominada, e o garçom não se mexe. Fica olhando pra sua cara, à espera de definição. Você olha para cara dele, como quem diz: Quê que há, rapaz? Então ele emite um som: Qual? Você pensa que não ouviu direito, franze a testa, num esforço de captação: qual o quê? Qual a marca, doutor? Temos essa, aquela, aquela outra, mais outra, e outra, e outras mais. Desfia o rosário, e você de boca aberta: Como? Ele está pensando que eu vou beber elas todas? Acha que sou principiante em busca de aventura? Quer me gozar? Nada disso. O garçom explica, meio encabulado, que a casa dispõe de 12 marcas de cerveja nacional, fora as estrangeiras, sofisticadas, e ele tem ordem de cantar os nomes pra freguesia. Até pra mim, Leovigil? pergunto. Bem, o patrão disse que eu tenho de oferecer as marcas pra todo mundo, as novas cervejas têm de ser promovidas. Não mandou abrir exceção pra ninguém, eu é que, em atenção ao doutor, fiquei calado, esperando a dica... Não quis forçar a barra, desculpe.

— E aí?

— Aí eu disse que não havia o que desculpar, ordens são ordens e eu não sou de infringir regulamentos. Os regulamentos é que infringem a minha paz, freqüentemente. Mas para não dar o braço a torcer, nem me declarar vencido pela competição das cervejas, concluí: Leovigil, traga a de sempre.

— Não quis dizer o nome?

— Não. Minha marca de cerveja — "minha garrafa", digamos assim, pois a individualidade começa pela garrafa — passou a chamar-se "a de sempre". Não gosto de mudar as estruturas sem justa causa, nem me interessa dançar de provador de cerveja, entende?

— Mas que custa experimentar, homem de Deus?

— Só por experimentar, acho frívolo. Os moços, sim, não encontraram ainda sua definição, em matéria de cerveja e de entendimento do mundo. Saltam de uma para outra fruição, tomam pileques de ideologias coloridas, do vermelho ao negro, passando pelo róseo, pelo alaranjado e pelo furta-cor. Mas depois de certa idade, e de certa experiência de bebedor, você já sabe o que quer, ou antes, o que não quer. Principalmente o que não quer. E é isso que os outros querem que você queira. Tá compreendendo?

— Mais ou menos.

— Na verdade, não há muitas espécies de cerveja, no mundo das idéias. Mas os rótulos perturbam. Uns aparecem com mulher nua, insinuando que o gosto é mais capitoso. Bem, até agora não vi rótulo de cerveja mostrando mulher com tudo de fora, mas deve haver. Mulher se oferecendo está em tudo que é produto industrial, por que não estaria nos sistemas de organização social, como bonificação?

— Você está divagando.

— Estou. Divagar é uma forma de transformar pensamentos em nuvem ou em fumaça de cigarro, fazendo com que eles circulem por aí.

— Ou se percam.

— E se percam. Exatamente. 0 importante não é beber cerveja, é ter a ilusão de que nossa cerveja é a única que presta.

Sujeito mais conservador! Ou sábio, quem sabe?

25 de setembro de 2009

Quem tem medo da verdade?

Este era um nome de um programa que fez muito sucesso na TV Record no final dos anos 60.

A dinâmica era a seguinte: personalidades eram acusadas de um determinado "crime" e, após a defesa de seus "advogados", um corpo de jurados (também formado por famosos) dava o veredito de culpado ou inocente.

Coloco aqui o "julgamento" de Grande Otelo por causa do seu "delito". O ator estava na berlinda por "se dedicar a vida boêmia" e por ser "um profissional irresponsável, tendo deixado de cumprir compromissos em consequencia da bebedeira e da ressaca".

Tem de ver até o fim para ouvir a sensacional e sincera resposta de Adoniran Barbosa sobre a papagaiada.

18 de setembro de 2009

Os bambambãs da Vejinha

A revista Veja São Paulo fez sua tradicional festança para premiar os melhores bares e restaurantes da cidade. A apresentação foi da atriz Claudia Raia e um monte de gente famosa apareceu para entregar as placas comemorativas.

Clique aqui para ver as resenhas e conferir o trabalho de Fabio Wright, o pequeno polegar da noite paulistana.

Ao que nos interessa aqui, segue a lista dos vencedores nas 11 categorias de bares, eleitos por 10 jurados - entre eles o autor deste blog:

Boteco: São Cristovão (é um boteco da geração século 21, com um chope no ponto e uma alheira sensacional. Quem gosta de futebol se diverte com as centenas de quadrinhos pelas paredes)

Carta de cervejas: Melograno (um post logo abaixo revela a minha opinião sobre o bar, aberto recentemente. Sua inauguração vai forçar o Frangó, com quem concorre cabeça a cabeça, a trazer ainda mais novidades)

Chope: Original (não é por acaso que venceu uma das categorias mais nobres pela oitava vez. Cuidado extremo com a bebida. De quebra é um dos 3 melhores bares da cidade)

Cozinha: Adega Santiago (água na boca só de passar na frente. É dos mesmos donos do Espírito Santo, que tem a minha preferência)

Feijoada de boteco: Veloso (Nem muito nem pouco. A caipirinha com três variedades de limão supera qualquer eventual deslize)

Happy hour: São Pedro São Paulo (Bar correto, no lugar errado. Apareça lá só depois das 21h)

Música ao vivo: Ó do Borogodó (Sambinha de primeira, gostoso; merecia estrutura melhor: quanto menos você beber, menos você vai se irritar para atravessar o apertado salão para pegar uma cerveja ou ir ao banheiro)

Para ir a dois: Baretto (Elegância e sofisticação. Não tem concorrentes na cidade em sua categoria)

Para paquerar: Sonique (Não conheço. Preciso ir até lá um dia destes para comprovar a fama - sim, só não posso esquecer de colocar minha opinião aqui neste nosso espaço)

Bar revelação: Subastor (Sensacional, muito astral. Se quiser sossego tem de chegar bem cedo mesmo ou, como orientou um amigo, voltar às 3h da matina para tomar a saideira sem atropelos. A trilha sonora confere um tchan a mais ao salão)

Barman do ano: Pereira - Astor e Subastor (Voz mansa, atencioso ao explicar os drinques para os clientes. Conta com auxiliares competentes para preparar os drinques sempre no ponto certo)

28 de agosto de 2009

Frase para refletir no fim de semana

"Bendito sejam os chatos, pela imensa alegria que nos dão, no exato momento em que se vão",
Dito popular

26 de agosto de 2009

O espírito de um wine bar

O Willi's é um wine bar parisiense aberto em 1980 e que tem uma filial nos Estados Unidos. O que fez o lugar ficar mais conhecido é sua estratégia de pedir, anualmente, para um artista plástico contemporâneo criar um pôster que retrate o espírito do vinho e do bar.

O primeiro deles foi produzido em 1983 - veja abaixo algumas formas de representar o wine bar francês. Todos podem ser adquiridos na loja virtual do bar. Custa caro. Mesmo se não for comprar, clique aqui para conhecer a coleção completa.










25 de agosto de 2009

O concorrente do Frangó



Aberto no final do ano passado, o bar Melograno (Rua Aspicuelta, 436, Vila Madalena) tornou-se em pouco tempo um ponto de referência em São Paulo para quem gosta de cerveja. É o primeiro verdadeiro concorrente do Frangó (Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó), cada um na sua, desde sua inauguração, em 1987.

Oferece mais de 130 rótulos, de 13 países. Vez ou outra, realiza degustações da bebida e promove festivais temáticos - até neste domingo (30), por exemplo, as garrafas escocesas estão com preços mais baixos.

Quem está por trás do barzinho é o Eduardo Passarelli, que conhece tudo sobre brejas e é autor de um bom blog sobre o tema, o Edu Recomenda.

Uma de suas sacada foi promover uma harmonização das cervejas com sanduíches, crostines, paninis e surpreendentes cebolas assadas entremeadas com recheios, tudo preparado no forno a lenha.

A outra é investir no processo de servir a cerveja, cada uma em um copo apropriado e sempre trocando os copos a cada garrafa. O cerimonial, por assim dizer, é bem-vindo, é bem legal, mas não pode ter espaços para exageros - o garçom, aliás, se atrapalhou pelo menos uma vez quando estive lá.

Afinal, apesar do preço salgado de algumas marcas e da tendência de trazer rituais do vinho para as geladas, cerveja precisa ser tomada como cerveja, num clima de simplicidade, sem frescurite.

Alertado disso, escolha sentar-se numa das mesa do salão dos fundos, com vista para o forno a lenha e com um teto retrátil para garantir refresco nas noites quentes.

Nota para a seção quizz dos bares: Melograno foi um bar de música ao vivo, que também ficava na Fradique Coutinho, também na Vila Madalena, liderado pelo saxofonista argentino Hector Costita. Achei um vídeo no Youtube sobre o pico. Clique aqui para ver.

24 de agosto de 2009

Os caras são profissionais...

Para marcar a volta das férias no RN, dois vídeos com o Vinícius de Moraes e com o Tom Jobim bem para lá de Bágda.

O primeiro traz o caso da mulher revoltada que quebrou a garrafa de uísque. Em seguida, veja o Vinícius falando da primeira mulher.



1 de julho de 2009

Gosto não se discute

O Guia da Folha publicou na sexta passada (sim, estou bem atrasado) uma edição especial com os melhores bares e restaurantes de São Paulo.

Nosso blog aqui participou da votação do júri de bares. Os destaques da revista foram para o Astor (excelente, mas muito caro), vencedor em melhor bar e em melhor boteco chique; o Filial (ótima para o final de noite, quando o movimento diminui e o atendimento melhora), segundo lugar em melhor bar e melhor boteco chique, terceiro em melhor chope e ganhador na categoria melhor fim de noite, e o Veloso (pena que seja tão difícil conseguir uma mesa de quinta a sábado à noite), campeão em melhor caipirinha e na melhor porção, com a coxinha. Clique aqui para ver a relação completa.

A publicação também trouxe o resultado de uma inédita pesquisa feita pelo Datafolha sobre o assunto, em que foram ouvidas 1.389 pessoas. Só o fator gosto não se discute para explicar o fato de o Bar Brahma (só vale se for para levar um turista) ter vencido como melhor bar, boteco chique, fim de noite, happy hour, chope e música ao vivo - não é preciso nem oferecer clique para ir para a página.

Das categorias principais, as indicações do blog só combinaram com a caipirinha do Souza, lá do Veloso. Abaixo, abro para a posteridade todos os meus votos, um por um.

Melhor bar de SP - Dry
Fim de noite/madrugada - Genial
Boteco chique - Original
Caipirinha - Veloso
Carta de cerveja - Frangó
Chope - Bar Leo
Melhor Drinque - Caju Amigo, do Pandoro
Em hotel - Baretto
GLS - Bar da Dida
Happy hour - Tiro Liro
Música ao vivo - Teta
Para paquerar - Café Di Lounge
Pé-sujo - Bar do Luiz Nozoie
Porção - Bolacha de provolone, Empanadas

26 de junho de 2009

Frase para refletir no final de semana

"Você está bêbado quando começa a sentir solidariedade e não consegue pronunciar essa palavra",
Millôr Fernandes, em sua recém-lançada página no Twitter

10 de junho de 2009

Para ficar de orelha em pé

O progresso muda a cidade. O entorno da esquina da Rua Aurora com a Rua dos Andrades, onde fica a clássica choperia, já foi um lugar residencial, ponto de garotas de programa e hoje vive especialmente da movimentação do comércio da Rua Santa Ifigênia. O Bar Leo passou quase incólume por tudo isso. Será que projeto da Prefeitura de transformar a região da Estação da Luz em pólo empresarial vai provocar a mudança do avô dos bares paulistanos? Sinceramente espero que não. De qualquer forma, dê uma olhada no alerta urbanístico da coluna da Monica Bergamo de hoje.

"Frequentadores do tradicional Bar Léo, de 69 anos, famoso por um dos melhores chopes da cidade, estão preocupados com o que acontecerá com o local que está na área da Nova Luz, que será revitalizada nos próximos anos. O gerente, Waldemar Pinto, diz que a mudança do boteco é inevitável. "Vai ficar tudo caro por ali. Melhor sair logo." Ele diz temer que o Léo perca o "glamour" em outro lugar."

1 de junho de 2009

Para gringos cabras-machos

A nota baixo foi publicada hoje blog do Ancelmo. Só tem de avisar, na hora da venda, que não é recomendável praticar enquanto aprende as artes da água-que-passarinho-não-bebe, do cobertor-de-pobre, do apaga-tristeza, do esquenta aqui-dentro, da aquela-que-matou-o-guarda, do extrato-hepático, da maria-branca, do tome-juízo, do xarope-dos-bebos...

"De olho no prestígio da nossa pinga lá fora, a editora paulista Livrosonoro vai lançar um CD bilíngue, português e inglês, com a versão em áudio do livro "Cachaças, bebendo e aprendendo - Guia prático de degustação", de Marcelo Câmara. A editora é a responsável pelas versões sonoras de obras de Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado e outros".

29 de maio de 2009

Frase para refletir no final de semana

"Da boemia, me interessam as pessoas",
Caetano Veloso, em ensaio para a revista Poder.

25 de maio de 2009

Comida boa em BH

Terminou ontem a 10ª edição do mais autêntico concurso de gastronomia de boteco, o Comida di Buteco, de Belo Horizonte - e o que inspirou todos os outros.

Assim como no ano passado, 41 estabelecimentos participaram da disputa. A galera teve 31 dias para conhecer os lugares e eleger os melhores. Foram 163 mil votos válidos. Barriquinhas de todos os bares estiveram reunidas para os três dias da festa Saideira, que teve shows de samba e chorinho.

O primeiro prêmio foi para uma das casas mais tradicionais da cidade, o Café Palhares, no centrão de BH, aberto em 1938. Venceu com o tira-gosto Karacol de Pernil, receita em que a carne de porco vem regada com molho de abacaxi e acompanha de couve e pão árabe.

O Bar do Ferreira ficou em segundo lugar com o petisco Pecado Capital, uma mistureba com taioba, mandioca, carne bovina, costelinha e tomate recheado. Não provei, mas haja cerveja para terminar o prato.

A seguir fotos do Café Palhares (tira-gosto e uma foto de ambiente para quem não conhece saber como é o esquema) e do Bar do Ferreira.





24 de maio de 2009

O entendido

Boa tira de quadrinhos publicada um dia destes na Folha. O autor é o Adão Iturrusgarai.

Ainda bem que os enochatos de galochas costumam não gostar muito de boteco - o barulho deve atrapalhar o nariz.

21 de maio de 2009

5 amigos, reais e virtuais.

A ausência de uma relação dos meus blogs favoritos ou relacionados é intencional. Prefiro eventualmente trazer minhas leituras preferidas sobre cultura de boteco em posts como este.

O mais bem escrito de todos é o do Juarez Becoza, autor da coluna Pé-sujo do jornal O Globo. Seus textos conseguem registrar o verdadeiro espírito de botecos de todo o Brasil, embora sua especialidade seja mesxsxsxsxsmo o Rio.

Os blogs Gulodice, da jornalista Monica Santos, e Boteclando, do também jornalista Miguel Icassatti, têm o mérito de trazer um olhar diferente do que é publicado na mídia em suas especialidades, comidinhas e bares, respectivamente. Assim como eu aqui, pecam um pouco (só um pouquinho :-) ) por não escreverem mais.

A breve lista de 5 dicas fica completa com o Bar do Celso, de um curitibano apaixonado por botecos, e o Tô com Fome, de quatro jovens paulistanos que não deixam dúvida sobre o que pensam sobre tranqueiras gostosas espalhadas por aí: “Dieta é para fracos” e “Gordão até o fim” são os lemas de dois dos autores.

18 de maio de 2009

O fim do Bar Barão

A notícia do fechamento do Bar Barão, em março, deixou triste os admiradores dos botecos clássicos. Aqueles que atravessam o tempo com sua obstinação em manter a qualidade e o estilo, indepedente da moda e do faturamento.

Pelo menos desde meados dos anos 90, o Bar Barão estava longe de ser um sucesso de público. A localização era ingrata, na Barão de Duprat, no centro, pertinho da 25 de março. Abria de segunda sexta até às 19h e, sábado, até às 15h.

Só que a choperia tinha uma clientela extramente fiel. Que não abria mão de seu levíssimo chope, tirado de uma máquina de com sistema de refrigeração que utilizava água e álcool - em vez das de gelo são as mais comuns na cidade.

É tão bom que ganhou o voto de melhor chope da cidade na edição especial de bares e restaurante da Vejinha do ano passado, dado pelo crítico de bares da publicação, Fabio Wright.

Aberto em 1968, o Bar Barão tem estirpe. Seu idealizador foi o Leopoldo Urban, o mesmo que transformou o Bar Leo no que é hoje e, de quebra, também estabeleceu o ótimo Amigo Leal, embaixo do Minhocão. Chamou-se O Leo até o início dos anos 90. O estilo bávaro da fachada e da decoração permaneceu por 40 anos (abaixo, duas fotos para matar a saudade).

O atendimento afetuoso, longe de ser perfeito, era garantido pelo garçom-gerente-contador de histórias Hélio Souza da Motta. Ele trabalhou ali desde a inauguração e era o homem de confiança do dono um austríaco aposentado que vive em Santa Catarina. Tocava o bar ao lado do sobrinho, Edilon. Sua linha-dura não admitia falta de educação da fregueia e, absurdo dos absurdos, servir chope sem colarinho.

A lista de petiscos sempre foi restrita. As preferências eram para os bolinhos de bacalhau e para o canapê de línguiça blumenau, preparado na hora pelo Hélio. Parece que o imóvel foi comprado por alguém interessado em modernizar aquele trecho da Barão de Duprat.

Não deu para resistir à oferta. O Hélio, que já tem quase 70 anos, deu entrevista no Estadão dizendo que procura um parceiro para reabrir o Bar Barão. Tomara que consiga. Embora o espaço físico possa ser restaurado, a alma está perdida.

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14 de maio de 2009

Torcida pelo Tulípio

Distribuída em bares e botecos de São Paulo, a revista de bolso Tulípio está entre os indicados da HQ Mix 2009, na categoria Publicação de Cartuns.

Seus autores, Eduardo Rodrigues e Paulo Stocker concorrem com gente de peso, como o Jaguar e o Millôr Fernandes. Os vencedores serão anunciados em 30 de maio.

A edição que representa é a publicação na principal disputa nacional da categoria é a de número 7, que contou com a participação especial de Ziraldo (veja o esplêndido cartum abaixo) e de Luis Fernando Veríssimo.

Clique aqui para curtir a Tulípio #7 na íntegra.

13 de maio de 2009

Piadas de americano

A empresa de venda de cartazes pela Internet BuyEnlarge.com tem uma coleção singular de imagens. O autor das mais bacanas é justamente o presidente da companhia, Wilbur Pierce - pelo menos assim são assim que estão creditadas. Uma de suas sacadas é fazer trocadilhos com frases de personalidades e nomes de filmes. Conheça alguns deles:












11 de maio de 2009

E o estômago?

Estive uma quinta dessas no Z Carniceria, bar moderninho no lado B da Rua Auguta, em São Paulo.

O lugar vive bem movimentado desde a inauguração, em março de 2009. E assim estava quando peguei a comanda com o porteiro, por volta da meia-noite.

A decoração-conceito, digamos assim, com meia-dúzia com ganchos de ferros exibindos salames no alto do bar, as paredes azulejadas de branco e uma cabeça de búfalo servem apenas para lembrar que ali funcionou um dia um açougue - o que também ajudou a definir o nome do bar.

O clima é de baladinha entre amigos, com uma trilha sonora de rocks clássicos e um pouco de jazz caçadas em rádios on-line.

O público que frequenta ali vai um pouco além do que se convencionou chamar de "descolado". Curte tatuagens, piercings, alargadores de orelha e muito preto nas roupas. Bom astral.

As bebidas são pedidas no balcão ou para uma das atrapalhadas garçonetes. Tem coquetéis tão modernos quanto a galera. O que leva o nome da casa, por exemplo, mistura vodca, caldo de carne e pimenta do reino, entre outros ingredientes. Sei lá. Meu segundo drinque foi o tradicionalíssimo chopinho.

O estômago sentiu falta de uma retarguada. Embora a casa anuncie que funcione até às 3 e meia da matina de quinta a sábado, a cozinha fecha à meia-noite, ou próximo disso. Não dá, né?

O endereço é Rua Augusta, 934.

29 de abril de 2009

Efeito do álcool

Eis um vídeo engraçado para dividir com vocês. A autoria é do site mexicano huevocartoon.com, especializado em animações na Internet. Os caras começaram a trabalhar em 2002 e fizeram tanto sucesso no mercado local que tiveram força para produzir dois longas com seus personagens-ovos.

Esta é uma das participações dos poetas Huevos Rododentro, Gabrelle e Ferdinand. Eles se transformam depois que tomam uma, duas, três... Alguém se identifica?

28 de abril de 2009

"Cala a boca, seu b.!"

A história saiu na coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo de hoje. Rolou no Gero, restaurante chique de São Paulo.

Baixaria da grossa, daqueles que muita gente pensa que acontece em pés-sujos. Só que eu tenho certeza que em qualquer boteco a situação iria se resolver na boa, sem terminar num banho de cachaça;

"Era para ser uma como tantas noites agradáveis em que clientes célebres e outros nem tanto levam suas famílias para jantar no restaurante Gero, do grupo Fasano, no sábado. Até que um casal, formado por um estrangeiro e uma jovem linda e loira, entrou e se sentou numa mesa reservada para quatro pessoas. Alertada pelo garçom, a moça reagiu: "Seu mal educado, seu grosso. Tá pensando o quê?"

Assustado com a reação, o funcionário chamou o mâitre, que gentilmente explicou à cliente que ela poderia se sentar em uma mesa mais ao fundo do restaurante, de dois lugares. O casal foi acomodado numa mesa ao lado da do ministro da Educação, Fernando Haddad, que jantava com os filhos.

Ainda inconformada, de acordo com o testemunho de dois clientes que estavam lá, a moça continuou a falar mal do garçom, num tom de voz que quase todo o restaurante conseguia ouvir. Até que um outro cliente se levantou, bateu nas costas dela e disse: "A senhora poderia falar mais baixo e parar de humilhar o garçom?" E a jovem: "Cala a boca, seu bosta!" O cliente reagiu: "Cala a boca você, sua garota de programa!"

Ela jogou um copo de água nele. Ele jogou um copo de água nela. Ela então jogou um copo de vinho nele. O homem que acompanhava a jovem se levantou e foi embora. Ela foi atrás, xingando.

O Gero não cobrou o vinho servido a boa parte dos clientes naquela noite."
Não se fazem mais canecas como antigamente...

Seguem quatro cartazes antigos sensacionas sobre cerveja, um jeito muito mais bonito e elegante de fazer propaganda de bebida alcoólica.

Em comum, todos são de origem francesa, da primeira metade do século XX (não consegui descobrir a data exata) e mostram que a moderação estava longe dos hábitos daquele tempo.

Tinha de ser profissional!







27 de abril de 2009

Voltei, com o Dry!

Pela terceira vez, eu volto a atualizar o blog - sempre na esperança de nunca deixar de fazê-lo.

A inspiração veio da minha primeira visita de verdade do badalado bar Dry, que funciona há pouco mais de um ano em São Paulo. Estive lá logo depois da inauguração e consegui, após muito insistência com o porteiro, apenas dar uma breve olhada.

Agora não. Cheguei relativamente cedo, sentei numa mesa bacana, papo da melhor qualidade e pude provar alguns dos seus já famosos dry martinis.

Não lembro o nome exato dos drinques que provei, todos ótimos. Sei que experimentei pelo menos três deles: o clássico, um com gengibre e um preparado com a salmoura da azeitona (o mais forte deles).

Tudo conspira a favor: a decoração levemente descolada (os tampos da mesa são feitos por obras de artistas plásticos e estão à venda), o som cool e a iluminação na medida certa, sem deixar o salão escuro como um pub nem claro um boteco-chique.

O lugar é bárbaro, um dos melhores da cidade (pelo menos quando não está superlotado), fiel ao estilo sóbrio paulistano, definitivamente digno de ser tema de reestreia do blog.

Clique aqui para ver o site do bar - com direito a uma página ilustrada de como preparar um bom dry martini.