17 de dezembro de 2010

Os bares de Agualusa



O ótimo romance As Mulheres de Meu Pai, do angolano José Eduardo Agualusa, relata a história de uma moçambicana vivendo em Portugal em busca de histórias de sua origem. Na busca, ela percorre Angola, Namíbia, África do Sul e Moçambique.

O curioso é que boa parte dos diálogos importantes do enredo ocorre dentro de bares. É ali que os personagens se desnudam para revelar um fato, abrir o coração ou mostrar outras personalidades.

Em cada uma dessas paradas, o escritor abre espaço para descrever o local e desvelar um pouco mais desses ambientes que nós gostamos muito.

Conheça alguns deles.

(Inevitavelmente o post ficou bem longo)

Lobito, Angola - "Revi o hotel Terminus, no Lobito. Lembro-me em criança ter almoçado lá algumas vezes. O que me lembro: 1) Dos empregados de mesa, muito hirtos, em resplendentes fardas brancas. Hoje, sempre que vejo um almirante recordo-me dos empregados de mesa do hotel Terminus. Se bem que nunca vi almirantes com tanta dignidade; ... O hotel Terminus foi recuperado por um banco privado angolano. Atrás, nas areias puríssimas da praia, ergue-se um bar bangalô."

Chibia, Angola - "Fomos depois à Chibia. Queria mostrar a Karen o Bar da Inês. Fica na rua principal. Não há muitas ruas na Chibia. O proprietário, um senhor de certa idade, mestiço muito claro, 'branco à rasca', segundo a Dona Augusta, nasceu em Malange e veio viver para a Chibia logo depois da independência. Tem uns olhos de azul diáfano, quase transparentes. Sportinguista ferrenho, pintou o pequeno espaço de verde e branco, e colocou em um dos cantos um leão de plástico.

Namibe (Mossâmedes), Angola - "O bar da Leopoldina está pintado de verde e branco. A um dos cantos, preso à parede,numa espécie de altar, entre velas acesas, dei com um gato empalhado pintado de verde. 'O que quer?', retorquiu o mucubal ao reparar meu espanto: 'Foi o Leão que se pode arranjar'. O mucubal fala com seu companheiro num idioma seco e sibilante, que a mim me parece russo. Victória, filha da terceira mulher do meu pai, serve mais duas cervejas aos jogadores (de xadrez). Peço-lhes três para nós. Pergunto-lhe: 'Estão a falar russo?'"

Canyon, Angola - "Estou na sala de jantar do Paraíso Lodge. Um homem gordo e calvo toca guitarra e canta em afrikaans. A vida inteira pensei que não pudesse existir no mundo inteiro nada pior do que música country. Afinal, existe: country cantado em afrikaans. Há mais um casal de boeres, que trabalham aqui, e dois adolescentes. Todos eles parecem muito animados com a atuação do homem gordo. Assalta-me uma sensação estranha: Estou em Angola e sinto-me estrangeiro. Nas paredes, há cartazes com imagens de peixes, e fotografias de pescadores carregando, orgulhosos, seus troféus"

Oncócua, Angola - "Levou-me a um bar chamado O Máximo, um lugar decrépito, com pôsteres de mulheres nuas colados às paredes e grades de cerveja encostadas aos cantos. Na luz escassa flutuavam rostos atormentados pelo álcool. Rapazes em tronco nu, com uma espécie de tanga de couro presa à cintura. meninas muito novas, com o cabelo laboriosamente entrançado, colares de búzios e miçangas, e os bicos duros dos peitos espetados nos meus olhos. Nossa entrada foi saudada com gritos e gargalhadas. Brand pediu meia dúzia de cerveja e distribuiu-as pelos rapazes e raparigas. Passou-me uma para a mão. 'Tarrachinha - disse, apontando para dois casais à nossa frente. - Lá na capital dança-se a tarrachinha?'"

Namíbia - "Anoitecia quando Pouca Sorte nos chamou a atenção para um bar, à beira da estrada. Parecia um cenário de um road movie americano, ao estilo de Thelma & Louise. Uma bomba de gasolina e o bar atrás, com um letreiro em neón: Moose's Bar. O deserto a toda volta. A luz rasa realçando o grão. Um céu de azul vibrante, porém quebrado, com vincos baços, como a fotografia abarrotada de um azul vibrante. Lá dentro havia apenas uma única pessoa, do outro lado do balcão, um homem na casa dos cinquenta, grande e gordo, já meio grisalho, apanhado num rabo de cavalo. Pedimos sumos de laranja e sandes de fiambre com tomate para os quatro."

Cidade do Cabo, África do Sul - "Ao longo da Long Street sucedem-se os restaurantes, os bares e as discotecas, quase todos cheios. Jantamos no Mama Africa, um restaurante de cozinha regional, enquanto uma orquestra de marimbas e batuques, acompanhava, numa euforia crescente, um jovem cantor, a intercalar trechos de obras famosas e velhas canções de Bob Marley. Seguimos depois, um pouco à deriva, de bar em bar. No primeiro, mais calmo, havia apenas casais de meia idade, todos brancos. No segundo movia-se aos empurrões uma turba ruidosa de jovens de todas as cores: loiros, ruivos, mulatos, negros, chineses, indianos, eu sei lá! Dir-se-ia uma convenção de modelos da Benetton"

Maputo, Moçambique - "Estávamos os quatro num restaurante de comida zambezina, na Feira Popular... Frango com churrasco, à zambeziana, é dos melhoes pratos, não obstante a singeleza do preparo. que se pode comer em Moçambique. Tempera-se o frango com sal, limão, pimenta e jindungo. Extrai-se o leite de um coco, rala-se o miolo e mistura-se com duas colheres de azeite. Grelha-se a galinha em fogo lento, regando-a constantemente com a mistura de coco e azeite. convém aproveitar o molho que vai escorrendo da grelha, e com o qual se rega a carne, novamente, na hora de ir para a mesa. Frango à zambeziana, pois, e cervejas para todos."

Luanda Angola - "Um boteco tosco, armado em cima do passeio, no alto do Quinaxixe, com vista para o caos urbano, e meio submerso pelo violento ruído do trânsito. Um barraca com um teto de lona, em pirâmide, três mesas em plástico, meia dúzia de cadeiras. O conjunto se chama Chapeuzinho e eu nem teria me dado conta sem as indicações de Monte.

3 de dezembro de 2010

Filmes dos anos 1950 da Guinness, o haikai das cervejas

A Guinness sempre foi craque de marketing. Os clássicos cartazes de animais com a excelente stout irlandesa estão espalhados por muitos botecos e pubs.

A versão animada, para TV, é bem menos conhecida. Os três filmes abaixo, muito bem-humorados, foram produzidos em 1955, 1956 e 1957.

Todos tão bacanas como um chope de Guinness (que o Cássio, dono do Frangó, apelidou de haikai das cervejas, por causa das três faixas no copo logo após a bebida ser servida)






2 de dezembro de 2010

Cervejas com carinho



O bar Melograno, em São Paulo, comemorou seu segundo ano de vida com o lançamento de sua segunda cerveja, a Due. Assim como a primeira receita da casa, a Uno, a bebida leva extrato de romã em sua composição - uma escolha para aproximar a novidade com o nome do bar, que significa romã em italiano.

A Due é uma cerveja de estilo Dubbel, de origem belga, fabricada pela cervejaria Bamberg. O dono, o craque Edua Passarelli,  explica: "Com um tom marrom-avermelhado, espuma densa e duradoura". A definição do aroma inclui chocolate, caramelo, banana-passa, ameixa, cerejas secas e cravo.

Na festa de lançamento, eu provei pelo menos três taças e meu nariz pouco treinado não conseguiu perceber nem metade desses detalhes. O feeling é de uma cerveja encorpada e muito boa.

Ali também tive a oportunidade de experimentar outro produto do segmento premium: a Colorado Double Indica. Assim como a Colorado Indica (o double do nome informa que o líquido traz o dobro de malte), a cerveja tem um marcante aroma de maracujá.

O que as duas têm em comum (e o que é o mais  importante): são cervejas tratadas com o maior carinho do mundo, com honras especiais. Seus fabricantes têm orgulho delas. Sim, claro, querem vender, mas querem muito mais receber elogios de um trabalho bem feito.

É este espírito fraternal, botequeiro, em busca de qualidade, de descobertas, que ficou da festa dos dois anos do Melograno, bar especializado em vender cervejas diferenciadas. A percepção é que o mercado das pequenas cervejarias tem um espaço enorme para contribuir, no quesito novidades, texturas novas e sabores surpreendentes. Ótima notícia para quem gosta de cerveja.

30 de novembro de 2010

Postais bebuns

O envio de cartões postais com piadas e frases de duplo sentido foram muito comuns no século XX - e muito deles tratavam de bares e bebedeiras.

Na Inglaterra, uma das referências desses produtos era a gráfica Bamforth & Co. A empresa foi criada por James Bamforth, fotógrafo de primeira geração, que passou a investir em bem-humorados cartões - cumpria mais ou menos a funções dos e-cards da era web.

São da Bamforth & Co. os exemplos abaixo. Copiados de uma site especializado (a cardcow.com), os únicos com data de postagem são os três primeiros, enviados respectivamente em 1909, 1910 e 1923. Mas todos são muito legais.








23 de novembro de 2010

Vodca e cultura de boteco

O livro Rei da Vodca - A Saga Família Smirnov e a Construção de um Império está dentro da categoria que eu chamo de literatura de boteco. Ao contar a história da marca de vodca mais vendida do mundo, a Smirnoff, traz um monte de curiosidades bacanas.

Algumas delas:

- No início do século XIX, a lei russa proibia qualquer estabelecimento de bebida alcoólica a menos de 85 metros da entrada de uma igreja

- A origem da coroa na logomarca da Smirnoff está ligada ao fato de seu inventor, um ex-servo, ter como objetivo agradar os czares no século XIX

- Donos de tabernas exageravam no sal e na pimenta para aumentar a sede dos consumidores de vodca.

- O primeiro anúncio da então vodca Smirnov veio em 1881 - e criticava a onda de vodcas falsificadas que inundaram o mercado russo.

- O dono da marca nos Estados Unidos convocou um elenco estrelado para fazer propaganda da vodca nos anos 1960 e 1970 (clique aqui para ler a matéria no blog)

- Smirnoff aparece em 21 dos 22 filmes de James Bond

3 de novembro de 2010

Nós viemos aqui para beber ou para conversar?

A pergunta no tom sarcástico de Adoniran Barbosa virou um bordão clássico da publicidade brasileira.

O verso ajudou a vender muita cerveja Antarctica no início dos anos 70 e, ainda hoje, é lembrada pela boêmia experimentada, especialmente daquela que lembra que a Brahma e a Antartica eram concorrentes de primeira grandeza.

Era tudo muito muito bem-humorado, sem mulher pelada e jogadores de futebol. Num dos filmes, a frase sai da boca de uma estátua antes de um orador começar um discurso. É bem bacana

Além da campanha publicitária, o próprio Adoniran compôs em 1972 a marcha Nóis viemos aqui prá quê?, inspirada no mote

Tanto a canção como o filme na TV são ótimos. Abaixo estão os vídeos e as letras das composições.



Domingo fomos todos prestigiar
Uma festa no largo do Bixiga
Ia ser inaugurada a estáuta
Do famoso benemérito Ataliba

Cerveja Antarctica teve para todo mundo
E a raça toda de copo na mão
Se apreparou pra prestar atenção
No discurso do mestre Raimundo

Mas quando ele ia começar
A chimangada toda gelou
Porque em vez do Raimundo falar
Foi a estáuta quem falou:
Vocês vieram aqui pra bebê ou pra conversá?

Cerveja Antarctica, cerveja nossa




Nóis viemos aqui prá quê

Não me amole rapaz
Não me amole
Não me amole
Deixa de conversa mole
Agora não é hora de falá
Nóis viemos aqui
Prá beber ou prá conversá?
Quem gosta de discurso
É orador (é isso aí bixo)
Quem gosta de conversa
É camelô (falou psiu)
Agora não é hora de falá! (o home tá pagando, vamo aproveitá)
Nóis viemos aqui
Prá beber ou prá conversá?
(o que eu combinei foi o seguinte: nóis viemos aqui pra beber e não conversar)

1 de novembro de 2010

A preguiça no crepúsculo


Na quinta retrasada, eu estive em dois grandes bares na mesma noite: o Pirajá e o Genésio. Os dois servem um chope de primeiríssima qualidade, tem uma cozinha bem acima da média e um ambiente excelente. 


Eu e um grupo de amigos bebemos e comemos muito bem na jornada dupla. Só que fomos praticamente expulsos do salão com uma tática que não combina com um boteco que respeita de verdade os seus clientes.

Tanto em um como em outro, os garçons começaram a colocar as cadeiras sobre as mesas enquanto estávamos na ativa. A atitude, além de deselegante, é tão ruim como vender bebida falsificada ou passar a comprar ingrediente de pior qualidade.

O roteiro é velho conhecido de quem gosta de ficar até bem tarde nos bares. Primeiro, os garçons circulam pelas mesas para avisar que a cozinha vai fechar. Certíssimo. Em seguida, vem o aviso de desligamento da chopeira. Justo. A conta chega em seguida, mesmo sem ter sido pedida. OK, com ressalvas.

A partir daí, os garçons não podem ter pressa. Tem de esperar os clientes terminarem a conversa, tomarem a saideira, sem mexer uma agulha no salão. Muito menos levantar as cadeiras sobre a mesa, indicando que já é a hora de embora. 

Não pode! Tem de esperar o ritmo lento, preguiçoso do crepúsculo. Os bebumns já sabem que é hora de embora. Não tá escrito em nenhum lugar, mas ele sabe. Mas ninguém ali tá com pressa. O garçom tem de ficar esperto até todos se levantarem Se for o caso, o gerente tem de criar uma escala para um deles ficar até o último cliente.

Só para registrar que essa falha no serviço ocorre em dezenas dos lugares. Já tive caso de começarem a lavar o salão antes de molhar a goela pela útlima vez! Cito o Pirajá e o Genésio porque tá fresco na mente e são dois lugares na lista dos 20 melhores bares da cidade. 


20 de outubro de 2010

No Twitter

Enquanto este blog aguarda a reformulação de layout, mais um espaço na web para estar informado sobre de cultura de boteco. O @culturadeboteco é a extensão do Bares e Futilidades no Twitter. É entrar lá e seguir!

19 de outubro de 2010

Remédio para alma

O Veloso se tornou um daqueles que bares que lotam antes mesmo de levantar as portas. No sábado, dia de feijoada, as senhas são distribuídas 15 minutos de começar o serviço. Quando os garçons começam a anotar os pedidos, já tem fila de espera.

O melhor de tudo é que o bar está conseguindo sobreviver ao sucesso, ainda mais turbinado pela escolha de melhor boteco da cidade pelos jurados da Vejinha. É sinal de maturidade.

A coxinha de frango com catupiry e a feijoada continuam boas (quem gosta de um tempero mais picante precisa misturar à cumbuca o molhinho que a acompanha).

O Souza segue preparando caipirinhas sempre bem balanceadas. A vitrine de frutas é um convite para chegar ali do lado do barman e pedir uma receita ao gosto do freguês. Além de limão tahiti e das temíveis frutas vermelhas, tem romã, jabuticaba, limão-rosa, gengibre...

Ao meu pedido por um drinque-novidade, Souza respondeu com uma combinação com limão tahiti, gengibre e campim-santo (veja a foto abaixo e fique com água na boca). Tava uma delícia e refletiu na alma: o drinque me pegou chocho e ajudou a fazer meu dia bem mais feliz.

18 de outubro de 2010

Fim de noite em música

Não me lembrava da introdução que Chico Buarque e Tom Jobim fizeram para a clássica Turma do Funil, marchinha de 1956 assinada por Mirabeau, Milton de Oliveira e Urgel de Castro.

Escritos em 1979, os versos de Chico e Jobim retratam, com muito estilo e conhecimento de causa, um fim de noite em um boteco, 'quando não tem mais cadeira e a porta do bar já fechou'.

O vídeo abaixo (após a letra) toca uma gravação completa, com a abertura e o refrão 'todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto', com Chico, Miúcha e Mirabeau.

Quando é tão densa a fumaça
Que o tempo não passa
E a porta do bar já fechou

Quando ninguém mais tem dono

O garçom tá com sono
E a primeira edição circulou

Quando não há mais saudade, nem felicidade

Nem sede nem nada nem dor

Quando não tem mais cadeira

Tomo uma besteira de pé no balcão

Eis que da porta dos fundos

Do oco do mundo
Desponta o cordão

Chegou a turma do funil...



15 de outubro de 2010

O filme da cervejaria mais antiga do Brasil

O curta-metragem Cerveja Falada conta a história do que pode ser a cervejaria artesanal em atividade mais antiga do Brasil: a Canoinhense.

O filme, de 15 minutos, é dirigido por Demétrio Panaroto, Luiz Henrique Cudo e Guto Lima. O enredo gira em torno de Rupprecht Loeffler, 93 anos, até hoje colocando a mão na massa para manter a qualidade das receitas herdadas da família.

A fábrica de cerveja é o orgulho da catarinense Canoinhas, 54 mil habitantes, localizada a 380 quilômetros de Floripa. Foi fundada em 1908 pelo pai de Loeffler. Quatro rótulos são produzidos ali atualmente: a Nó de Pinho, a Mocinha, a Jahu e a Malzebier (veja a carinha deles abaixo do trailer).

A fita teve uma pré-estreia afetiva no Cine Queluz, em Canoinhas. A estreia oficial está marcada para 27 de outubro em Florianópolis, no Paradigma CineArte. Os paulistanos terão a chance de assistir à película em 5 de novembro, na Cinemateca Brasileira.

Tô louco para ver. Mas muito mais louco para tomar uma com o seu Loeffer.

Assista ao trailer!



14 de outubro de 2010

A magia dos copos e das taças

Tente repetir em casa a experiência publicada na edição de hoje do caderno Paladar, do jornal O Estado de S.Paulo. A reportagem convida o leitor a experimentar uma mesma bebida em diversos tipos de copos (incluindo o copo de plástico) para perceber as mudanças nos sabores em cada um deles. Faça com uísque, cerveja, vinho, o Grand Marnier... E começa a pensar onde você vai guardar todos os novos copos que irá comprar.

Leia aqui a íntegra da reportagem, numa versão on-line tão bonita quanto a impressa.  

Clássico em multimídia

O Grand Marnier é um licor francês de excelente qualidade, criado em 1880. A bebida combina a elegância de um autêntico Cognac com uma exótica variedade de laranja do Caribe. É ótimo e muito útil no preparo de drinques.

Para vender um produto tradicional no século XXI, a empresa preparou uma campanha de marketing multimídia, com cartazes lindos (lááááa embaixo), game para iPhone e um vídeo sensacional: a ilustração, o som, o roteiro, tudo é muito legal!






13 de outubro de 2010

Botecos por mais de mil ângulos

Muito bacana a galeria de imagens do grupo Botecos, do Flickr. O tema, claro, são os templos da brasilidade etílica. Vale pelo conjunto da obra: são 1.036 fotos (clicadas por 303 fotógrafos) de bebuns, bebidas, comidinhas, fachadas, garçons... É um panorama divertido de cultura de boteco por todo o país.

Mostro abaixo três delas, escolhidas aleatoriamente. Os autores são os usuário ::Flávio::, .merchan e lulu@.



11 de outubro de 2010

Escritor ambulante 

A edição deste mês da revista Piauí tem uma reportagem sobre uma figura clássica da Vila Madalena: o andarilho-poeta-escritor Yumbad Baguun Parral. O cara circula pelas mesas do bairro paulistano desde que eu me entendo por botequeiro.

Ele é autor de pelo menos dois livretos que merecem ser lidos, especialmente após beber duas garrafas de cerveja (das grandes) no Bar das Empanadas: o nada eclesiático Santa Puta - A Redentora e o compêndio de diplomacia São Bin Laden - Lampião da Globalização.

Infelizmente, eu (ainda) não os encontrei por aqui. Mas deixo aqui três pérolas que estão no texto para vocês terem uma ideia de seu perfil

"Tem mesa que agente aborda por educação. Sabe que o cabra nunca vai ler um livro na vida, mas é desfeita não oferecer para uns e não para outros"

"A noite é uma escola, uma pós-graduação em psicologia humana"

"Paulo Coelho vende os livros dele no mundo inteiro. Eu, por enquanto, ando apenas pela Vila Madalena e na Lapa. Então é justo eu dizer que, proporcionalmente, já vendi mais do que ele" (ao comparar seus 18 mil exemplares comercializados em 10 anos com os 135 milhões do mago)

9 de outubro de 2010

Os melhores da Vejinha - 5 anos de blog

A abstinência blogueira ultrapassou os sete meses desta vez, um recorde nos cinco anos em que o Bares e Futilidades surfa pela web. Não tem como arranjar desculpa, ainda mais eu que adoro internet e cultura de boteco...

O retorno é com um post clássico do blog, a análise rápida dos melhores bares de São Paulo, de acordo com os jurados escolhidos pela Vejinha SP. Eu, claro, estou entre eles - e devo dizer que votei em 7 dos 9 vencedores, uma performance de quase 80%. (meus votos não-premiados foram o Original, para melhor boteco, e no Barbolla, para ir a dois) 

É preciso dizer que a capa da edição 2010/2011 é a mais bonita de todos os tempos. Muito bacana. 

Vamos lá:

Melhor boteco: Veloso (Sensacional. Merece palmas por ser um lugar sem frescura, muito bem-cuidado, com preço justo e uma caipirinha insuperável. E um dono gente boa demais que deixa todos à vontade. Tô orgulhoso Otávio!)

Carta de cerveja: Melograno (Rivaliza com o Frangó como o melhor do assunto na cidade. A pequena dianteira surgiu pelo esforço de realizar encontros frequentes para apresentar cervejas adicionais ao cardápio.)

Carta de coquetéis: Subastor (O maravilhoso balcão incentiva ficar ali do lado do barman acompanhando a execução dos coquetéis. O menu de drinques traz receitas tentadoras para quem quer conhecer novos sabores e texturas. Só de dry martinis são oito opções.)

Cozinha: Bottagalo (Ótimo, mas ainda parece muito restaurante pro meu gosto. Uma brincadeira bacana são as opções de molho para comer com pão. Venceu mais pela novidade, pois é tão bom quanto o Adega Santiago, o Astor e o Bar da Dona Onça)

Música ao Vivo: Madeleine (Mistura um jazz gostosíssimo com um ambiente charmoso. Show de bola, ainda mais para ir a dois)

Para ir a dois: Terraço Itália (Clássico imperdível para namorados. Tem de ir pelo menos uma vez. O piano ao vivo, a formalidade dos garçons, o visual panorâmico, é um lugar com um estilo quase único na cidade, ainda mais nos dias de hoje, com as cervejarias pagando decoração de bar para um monte de gente)

Paquera: Vacaveia (É, antes de tudo, um grande boteco: salão simples, bom para comer e bebida honesta. Cheio, muito cheio, ainda mais de quinta a sábado. Só que sempre tem um apoio para o copo, mesmo na calçada. A variedade e o intenso vai-vem para pedir outra cerveja garantem dezenas oportunidades para cantadas e aproximações) 

Revelação e Barman do ano: Myny Bar (Sem dúvida, uma das melhores surpresas da cidade nos últimos anos. Som bacana, potronas confortáveis, nada de atropelo. Detalhe da decoração: primeiras páginas de jornais americanos do dia em que a lei seca entrou em vigor e de quando ela terminou. Mais caro do que a média. Brinque com os drinques, que trazem ingredientes inusitados.) 

4 de março de 2010

Atrás do Cemitário da Consolação

A Rua Mato Grosso, logo acima da Rua Sergipe, está cada vez mais movimentado. Na esquina com a rua Pará, o Bar Higienópolis é um desses lugarzinhos legais que surgiram ali, no cantinho de um bairro chique. É beeeeeeeeeem mais despretensioso que os restaurantes vizinhos Ici Bistrô e Mercearia do Francês. Ganha na simpatia.

O aconchego do ambiente é garantido pela iluminação suave e uma bem-bolada decoração concebida com papel e papelão reciclado. Observe os detalhes: o forro, as luminárias, as almofadas... Tudo feito com muito carinho. Mesas na calçada para o verão, com o visual da pracinha Vitor Del Mazo.

O chope Einsebahn traz um sabor diferente à mesmice da noite paulistana. As comidinhas, também. O bolinho de arroz vem acompanhado de um gostoso molho chutney. As batatinhas assadas vêm escoradas por gorgonzola e azeite. Bem bom.

Olha a foto aí embaixo para ficar com vontade. E Vai lá.

3 de março de 2010

Volta ao meu cantinho (pode voltar amanhã que vai ter mais!)

Deixo aqui um post depois de longo tempo para deixar duas bobagens publicadas no caldeirão midiático: uma reportagem feita pelo autor deste blog para o IG, para o novo canal IG Bebidas (clique aqui, leia o texto e visite tudo por ali), e, aqui em embaixo, uma nota publicada ontem na coluna do Ancelmo Góis, de O Globo.

Papo de botequim

De Jaguar, o velho lobo do bar, no Clipper, reduto da boemia do Leblon, no Rio, para um amigo que perguntou o que ele gostaria de levar para uma ilha deserta: — Um bar completo...