O fim do Bar Barão
A notícia do fechamento do Bar Barão, em março, deixou triste os admiradores dos botecos clássicos. Aqueles que atravessam o tempo com sua obstinação em manter a qualidade e o estilo, indepedente da moda e do faturamento.
Pelo menos desde meados dos anos 90, o Bar Barão estava longe de ser um sucesso de público. A localização era ingrata, na Barão de Duprat, no centro, pertinho da 25 de março. Abria de segunda sexta até às 19h e, sábado, até às 15h.
Só que a choperia tinha uma clientela extramente fiel. Que não abria mão de seu levíssimo chope, tirado de uma máquina de com sistema de refrigeração que utilizava água e álcool - em vez das de gelo são as mais comuns na cidade.
É tão bom que ganhou o voto de melhor chope da cidade na edição especial de bares e restaurante da Vejinha do ano passado, dado pelo crítico de bares da publicação, Fabio Wright.
Aberto em 1968, o Bar Barão tem estirpe. Seu idealizador foi o Leopoldo Urban, o mesmo que transformou o Bar Leo no que é hoje e, de quebra, também estabeleceu o ótimo Amigo Leal, embaixo do Minhocão. Chamou-se O Leo até o início dos anos 90. O estilo bávaro da fachada e da decoração permaneceu por 40 anos (abaixo, duas fotos para matar a saudade).
O atendimento afetuoso, longe de ser perfeito, era garantido pelo garçom-gerente-contador de histórias Hélio Souza da Motta. Ele trabalhou ali desde a inauguração e era o homem de confiança do dono um austríaco aposentado que vive em Santa Catarina. Tocava o bar ao lado do sobrinho, Edilon. Sua linha-dura não admitia falta de educação da fregueia e, absurdo dos absurdos, servir chope sem colarinho.
A lista de petiscos sempre foi restrita. As preferências eram para os bolinhos de bacalhau e para o canapê de línguiça blumenau, preparado na hora pelo Hélio. Parece que o imóvel foi comprado por alguém interessado em modernizar aquele trecho da Barão de Duprat.
Não deu para resistir à oferta. O Hélio, que já tem quase 70 anos, deu entrevista no Estadão dizendo que procura um parceiro para reabrir o Bar Barão. Tomara que consiga. Embora o espaço físico possa ser restaurado, a alma está perdida.
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