Cultura de boteco. Histórias, notícias e bobagens do mais democrático dos espaços gastronômicos
7 de novembro de 2016
Boteco boteco: de manhã, de tarde e de noite
Os amantes de botecos reconhecem o Rio de Janeiro como a representação do Paraíso no Brasil.
As ruas cariocas são para profissionais.
Basta uma caminhada pelas ruas da Tijuca, de Copacabana, de Botafogo, de Laranjeiras, do Catete, do Flamengo... para trombar com botecos que dão vontade de entrar e descobrir seus segredos.
São botecos, botecos: o português abre as portas à 8 da manhã e só fecha meia-noite -- são como as padarias paulistanas, mas muito mais personalizadas pela presença constante do dono.
Outro dia, de passagem pelo Rio, eu topei com uma dessas joias na rua Marquês de Abranches, no Flamengo, pertinho da estação do Metrô: o Bar Martins.
Era um domingo de manhã chuvoso em que encarei a cidade logo cedo para assistir à largada da maratona olímpica.
Parei ali meio de susto para um café preto e um pão de queijo rápido com objetivo único de despertar da noite curta típica das Olimpíadas.
Só que deu liga.
Gostei de cara do lugar (tenho nariz 'treinado' para encontrar bons botecos). Os eflúvios botequeiros costumam contar meu cérebro como uma descarga elétrica.
O café estava apenas ok, mas tinha sido passado na hora. Só que o pão de queijo surpreendeu de forma transcendental. Assado de manhã, quentinho, caseiro, com mais queijo que polvilho....
O horário da prova não deixou eu ficar mais tempo ali, mas fiquei o dia todo pensando no lugar.
Na hora do almoço, claro, voltei para lá. :-)
Toda a minha expectativa se confirmou. Cerveja gelada, carne assada com batatas preparada na hora e uma louvável empada de camarão.
Não espere, claro, um atendimento de restaurante francês ou de bar da moda. Tem um garçom só, o dono (seu Francisco) prepara a caipirinha, e uma mesa de amigos do bairro enchendo a cara de Drury's desde o aperitivo do almoço faz crescer o número de decibéis do ambiente.
Como sou turista por lá, pensei que fosse lugar batido, conhecido pela cariocada.
Dei um Google.
Vi os ensinamentos do mestre Juarez Becoza, que ensina que o boteco está ali há anos, mas recebeu um banho de loja em 2014 -- mais um ponto para meu faro para encontrar bons botecos.
Mas só isso. Quase ninguém conhece o lugar: o que é uma qualidade para quem valoriza
um boteco sem pressa e sem gente chata que só quer aparecer.
Sorri. Pedi um pedaço do pudim de leite condensado da vitrine, que estava piscando para mim desde que entrei no bar.
Comi com calma, pensando que tenho de voltar ali qualquer dia destes.
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