Cultura de boteco. Histórias, notícias e bobagens do mais democrático dos espaços gastronômicos
7 de agosto de 2013
A ampliação (e o ocaso) do Bar Leo
As fotos abaixo são da obra de ampliação do bar mais icônico de São Paulo: o Bar Leo. Elas foram tiradas pelo jornalista Danilo Valentini, do blog Vou Andar, com autorização de um garçom.
A choperia vai pelo menos dobrar de tamanho. O atual proprietário, o mesmo do Bar Brahma, está reformando o imóvel vizinho na Aurora. Pistas da decoração estão no site do boteco. Uma promoção pede a doação de canecas de chope com uma história relevante. O prêmio é ter o nome nas paredes do bar e um ano de Brahma grátis. A previsão é que tudo esteja pronto em setembro.
Está em estudo, informa o garçom, até prolongar o horário do bar, que hoje ainda fecha às 20h30. A ampliação do cardápio também está na agenda - os ótimos canapés devem ser mantidos. O projeto de renovação visa aproveitar os milhares de alunos da recém-inaugurada Fatec, praticamente colado ao local.
Embora possa ser visto como progresso lógico, são sinais do ocaso definitivo do boteco decano da cidade, aberto em 1940 e inspiração para dezenas de outros lugares.
Seu declínio começou com a morte do antigo proprietário, Hermes Rosa, em 2003, e foi escancarado no ano passado com a revelação que, por dois meses, o estabelecimento vendeu chope Ashby (mais barato e de qualidade inferior) no lugar do tradicional Brahma. Para piorar, foram encontrados alimentos vencidos e malconservados na cozinha, o que levou ao seu fechamento pela vigilância sanitária – leia o caso completo nesta reportagem da Vejinha.
O panorama desolador praticamente forçou a venda do bar para Alvaro Aoas, um nome ligado ao cenário boêmio na região central há quase 25 anos, quando o empresário montou o ótimo São Paulo Antigo no Largo de Santa Cecília. Em um cenário parecido, ele adquiriu e comandou a virada do Bar Brahma.
A casa da Ipiranga com a São João virou um sucesso de público com seus shows populares, mas eliminou a maioria dos vestígios dos seus tempos áureos – seu anexo, o Brahminha, está totalmente descuidado. Simplesmente deixou de ser um lugar legal para beber um bom chope e respirar ares de uma São Paulo que ficou para trás.
Tomara que o Leo tenha melhor sorte e não vire um bar qualquer.
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